O Hamas, o grupo insurgente que governa a Faixa de Gaza, lançou um ataque múltiplo sem precedentes contra Israel na madrugada deste sábado, 07, disparando milhares de foguetes enquanto dezenas de combatentes atravessavam a fronteira protegida por terra, mar e ar. A investida pegou o país desprevenido durante um feriado importante.
Seis horas após o início da invasão, os rebeldes do Hamas ainda travavam tiroteios dentro de várias comunidades israelenses, numa surpreendente demonstração de força que chocou o país.
O serviço de emergência israelense informou que pelo menos 40 pessoas morreram e centenas ficaram feridas no ataque, que é o mais mortal em anos.
Pelo menos 561 feridos estavam sendo tratados em hospitais israelenses, dos quais pelo menos 77 estavam em estado crítico, de acordo com uma contagem da Associated Press baseada em relatórios públicos e telefonemas para hospitais.
Em Gaza não havia informação oficial sobre vítimas, mas os repórteres da Associated Press testemunharam funerais de 15 pessoas e viram outros oito corpos chegarem a um hospital. Não ficou claro se eram combatentes ou civis.
As redes sociais ficaram cheias de vídeos de combatentes do Hamas desfilando pelas ruas no que pareciam ser veículos militares roubados e de pelo menos um soldado israelense morto dentro de Gaza sendo arrastado e chutado por uma multidão palestina furiosa que gritava “Deus é grande”.
Vídeos divulgados pelo Hamas pareciam mostrar pelo menos três soldados israelenses capturados vivos. O exército recusou-se a fornecer detalhes sobre vítimas ou sequestros enquanto continuava a combater os infiltrados.
Israel em guerra
“Estamos em guerra”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, num discurso transmitido pela televisão, em que anunciou uma mobilização em massa de reservistas do exército. “Não em uma ‘operação’, não em um ‘assalto’, mas em guerra.”
“O inimigo pagará um preço sem precedentes”, acrescentou, prometendo que Israel “responderá ao fogo numa escala que o inimigo nunca conheceu”.
A grave invasão coincide com o Simjat Torá, um dia normalmente festivo em que os judeus completam o ciclo anual de leitura do seu livro sagrado, a Torá, e revivem a dolorosa memória da Guerra do Yom Kippur de 1973.
As comparações com um dos momentos mais traumáticos da história de Israel aguçaram as críticas a Netanyahu e aos seus aliados de extrema direita, que têm defendido medidas mais agressivas contra as ameaças vindas de Gaza. Comentaristas políticos criticaram o governo pela sua incapacidade de prever o que parece ser um ataque sem precedentes do Hamas devido ao seu nível de planeamento e coordenação.
Muitas outras mortes foram relatadas em ambos os lados, mas as autoridades não forneceram detalhes de imediato. A mídia israelense disse que dezenas de pessoas foram hospitalizadas no sul do país. O Ministério da Saúde palestino na Faixa de Gaza indicou que “muitos cidadãos” ficaram feridos, mas não deu dados específicos, e os alto-falantes das mesquitas transmitiram orações de luto pelos insurgentes mortos.