Agentes da Divisão de Operações Especiais (DOE) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) explodiram, na manhã desta quarta-feira, 20, o muro da mansão de empresário investigado, em Brazlândia (DF). Foco da ‘’Operação Old West’’, deflagrada pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), o empresário foi preso nas primeiras horas do dia.
O empresário e a família são acusados de integrar uma organização criminosa e conduzir um esquema de lavagem de dinheiro com uso de um batalhão formado por, ao menos, 15 laranjas e testas de ferro.
A megaoperação cumpriu nove mandados de prisão temporária, bem como sete de busca e apreensão. A corporação ainda pediu à Justiça o sequestro de uma série de carros de luxo e o bloqueio de contas bancárias operadas pela quadrilha.
Audacioso e articulado, o bando teria conseguido cooptar um analista do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que recebia várias transferências bancárias para “cuidar” dos processos do empresário e advogar em defesa dos interesses da organização criminosa.
O servidor consultava processos e repassava informações sigilosas, segundo as investigações. O analista teve a prisão pedida pela PCDF, mas o Ministério Público (MP) se posicionou contrariamente ao pedido.
Dono de Brazlândia
As apurações revelaram que, após ser investigado e preso no âmbito da ‘’Operação Trickster’’ que identificou um esquema criminoso no qual R$ 1 bilhão em dinheiro público teriam sido desviados por meio de fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica do extinto Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). O empresário desenvolveu um sistema sofisticado para lavar mais de R$ 31 milhões.
Para isso, o empresário apontado como “dono de Brazlândia” usou um supermercado e contas de poupança em nome de testas de ferro para lavar centenas de milhares de reais. Até mesmo filhos menores de idade foram aproveitados no esquema, segundo a polícia.
O empresário teria usado, ainda, um empreendimento para ocultar a propriedade e dissimular valores faturados por meio do estelionato contra a administração pública e da corrupção de agentes públicos.
Caminho do dinheiro
Antes da ‘’Operação Trickster’’, o bando comandado pelo empresário mantinha recursos financeiros nas contas de empresas geridas pelo grupo. Após a ação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o caminho do dinheiro mudou e passou a “fazer curvas” para driblar as autoridades.
O fluxo do dinheiro começa com o recebimento dos pagamentos nas contas empresariais, segundo as investigações, mas os valores são imediatamente lançados nas contas-poupanças do grupo, via depósitos e transferências, muitas vezes na boca do caixa.
Em seguida, ocorrem retiradas diárias de valores das contas-poupanças abertas em nome dos filhos de do empresário e sua esposa, para repasse às contas das empresas, tudo a fim de evitar bloqueios judiciais. Algumas delas chegaram a receber depósitos superiores a R$ 1 milhão, segundo a polícia.
Foragido
O empresário chegou a ficar três anos foragido da Justiça do Distrito Federal (DF) e com mandado de prisão preventiva a ser cumprido, entre 2018 e 2021. Ele foi detido em 12 de abril de 2021 por policiais do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT), na cidade de Niquelândia (GO).
Os policiais receberam informações de que o empresário circulava pelo povoado de Buriti Alto, próximo ao município de Mimoso (GO), onde teria um posto de gasolina. O local, segundo os militares, era estratégico, pois facilitava uma possível fuga para diferentes unidades da Federação, como Bahia (BA), Tocantins (TO) ou mesmo o Distrito Federal (DF).
Após uma série de buscas, os policiais localizaram uma caminhonete, marca/modelo Toyota Hilux, de cor vermelha, usada pelo empresário para circular pela região. Em seguida, ele foi abordado por uma equipe do GPT, que confirmou a existência do mandado de prisão em aberto por corrupção contra a administração pública e por associação criminosa.
Pagamento de propina
Em abril de 2018, a polícia pediu a prisão do empresário e de sua esposa. A Justiça atendeu à solicitação após os investigadores terem confirmado que o casal pagava propina para o então responsável pela unidade de controle de bilhetagem automática do DFTrans. O gestor foi detido em 23 de março de 2018, em mais um desdobramento da ‘’Operação Trickster’’.
Em depoimento, o gestor confessou que, mensalmente, recebia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, a fim de agilizar processos, pagamentos e fazer vista grossa diante de irregularidades e fraudes cometidas pelas empresas do empresário e sua companheira.
Entre as falcatruas, estava o fato de as empresas descarregarem cartões estudantis de alunos do Entorno como se fossem da rede pública de ensino do DF. Imagens flagraram o gestor deixando uma das empresas do casal com dinheiro pago como propina. À época, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, os policiais encontraram um envelope semelhante na casa do gestor, com cerca de R$ 12 mil.
Transporte público de Gurupi
Os os investigados são sócios proprietários da empresa que assumiu a gestão do transporte público em Gurupi.
A empresa assinou o contrato para operara o transporte da cidade em 2024 neste terça-feira, 19, com frota inicial de seis veículos para percorrerem cinco linhas, todos com capacidade para 48 passageiros e equipados com acessibilidade e ar condicionado, visando atender às diversas necessidades.
Nota da Prefeitura de Gurupi
A Prefeitura de Gurupi informa que a assinatura do contrato com a empresa de transportes Isabelly, foi realizada após a análise de toda sua documentação, incluindo as certidões negativas necessárias para a formalização da contratação, depois da finalização do processo licitatório.
Importante esclarecer que, esse contrato com a Prefeitura de Gurupi, NÃO tem qualquer relação com a operação policial realizada no Distrito Federal (DF), envolvendo os proprietários da empresa.
A Prefeitura monitora a situação e analisará juridicamente todas as possibilidades em relação a essa contratação, cujos serviços estão previstos para início em fevereiro de 2024.
A intenção da Gestão Municipal é que aconteça a efetiva prestação do serviço de transporte coletivo em Gurupi, obedecendo todos os trâmites legais.